É isto

"Eu vou aonde me leva o meu pensamento. Talvez chegue à paz do meu coração"

02 julho 2006

Fernando Pessoa

Deixo aqui excertos de alguns grandes beat`s dos heterónimos do MC Fernando Pessoa. Para os que adoram recordarem. Para os que detestam rirem. Sim rir, porque também eu me rio de alguma da sua poesia quando não penso, tal como Alberto Caeiro se ri daqueles que pensam. Uma vez uma amiga minha disse-me que gostava de Fernando Pessoa e eu pensava que niguém ou quase ninguém gostava... Acabei por me revelar uma das pessoas que gosta. O Senhor era um génio. A obra dele é fenomenal.


Fernando Pessoa

Eu sou do tamanho do que vejo
e não do tamanho da minha altura.


Alberto Caeiro

Saúdo todos os que me lerem,
...
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,

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O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

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«Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?»

«Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?»

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Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum.
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.

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Pouco me importa.
Pouco me importa o quê? Não sei: pouco me importa.


Álvaro de Campos

No acaso da rua o acaso da rapariga loura.
Mas não, não é aquela.

A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.
...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loura,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Porque todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?
...
Pode ser... A rapariga loura?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal...

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isso é o mesmo também.

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Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disso, o contrário de qualquer coisa?
...
Vão para o diabo sem mim,
ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

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Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram.
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

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Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem ame o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...


Ricardo Reis

Para ser grande, sê inteiro: Nada
Teu exagera ou exclui.
Sê tudo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

1 Comments:

  • At 1:59 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    =) Parece-m k a professora Maria Augusta iria gostar mt de saber que ainda ha alunos que gostam do Fernandinho!! :P beiju*

     

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