Fernando Pessoa

Fernando Pessoa
Eu sou do tamanho do que vejo
e não do tamanho da minha altura.
Alberto Caeiro
Saúdo todos os que me lerem,
...
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
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O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
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«Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?»
«Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?»
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Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum.
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
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Pouco me importa o quê? Não sei: pouco me importa.
Álvaro de Campos
No acaso da rua o acaso da rapariga loura.
Mas não, não é aquela.
A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.
...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loura,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade
Numa outra espécie de rua;
Porque todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?
...
Pode ser... A rapariga loura?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal...
Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isso é o mesmo também.
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Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disso, o contrário de qualquer coisa?
...
Vão para o diabo sem mim,
ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
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Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram.
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.
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Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem ame o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
Ricardo Reis
Para ser grande, sê inteiro: Nada
Teu exagera ou exclui.
Sê tudo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
1 Comments:
At 1:59 da tarde,
Anónimo said…
=) Parece-m k a professora Maria Augusta iria gostar mt de saber que ainda ha alunos que gostam do Fernandinho!! :P beiju*
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