Aquela menina
Está a menina à janela de seu quarto
A apreciar o luar
A deliciar-se como a brisa amena a tocar
Na sua suave pele.
Tudo isto para esquecer
O que tanto a atormenta -
Toda aquela dor inexplicável
Que perfura e não pára.
A dor que já não sabe a causa
De tão forte que é.
Se dela, se do outro,
Se de tudo, se de nada.
Quando realmente pensa
Descobre que é a Saudade,
É a saudade que tanto a descompensa.
A saudade de sentir o chão debaixo de si.
Tenta e, desesperadamente, não pensa
Não pensa para não sentir
Mas não consegue
E a dor insiste em perseguir
Até ao infinito sem a largar.
Aquela menina tão doce
Tão cheia de saudade
De si mesma.
Penso e reparo,
Talvez esta menina tenha tudo do meu desagrado
Talvez esta menina seja eu que não paro.