Bolas de sabão
E quando temos tanta gente à nossa volta e sentimo-nos mais sozinhos que nunca?! Sabemos que pode estar lá uma multidão mas temos como que uma bola de sabão à nossa volta que insiste em não rebentar e que não nos deixa efectuar trocas com o exterior, não deixa de forma alguma que a multidão preencha o vazio, aquele vazio que parece aumentar de forma inesperada e descontroladamente. Mas o problema não é da multidão, não é dos que permanecem a nosso lado, o problema é nosso, é da bola de sabão que não conseguimos destruir. Resta fecharmo-nos com muita força e fazer da nossa consciência o nosso fiel amigo. No entanto, neste momento que tanto precisávamos dela, ela traí-nos, ela magoa-nos com toda a força existente. Ela censura-nos mas é incapaz de nos ajudar a rebentar a bola! Esta bola que nos impede de ver os que sempre lá estiveram, os que ainda estão e não se foram embora. Esta bola que tem o poder de transformar toda a multidão em sombras que vagueiam perto de nós. Sombras que passam, olham mas não vêem, não tocam, não entram. Sombras que parecem aliens vindos da outra parte do universo, aliens que nada têm a ver connosco, que nada nos dizem. Sombras que falam uma linguagem desconhecida e impossível de descodificar. Esta bola horrível que parece nunca mais rebentar, esta bola de sabão denominada solidão.
13 Comments:
At 7:25 da tarde,
Anónimo said…
belo texto!!! sinto-me honrado. obrigado inexitah...
poderíamos até dizer q a solução para esta bola de sabão está no texto anterior "que tudo simplifica"...
At 9:17 da manhã,
Anónimo said…
perdi-me no meio pela sequençia de palavras... preferia nao saber que era a solidao.. preferia ficar na duvidade de tao bela descriçao ;)
lol isto é estupido, mas falo a serio ;)
At 5:28 da tarde,
Anónimo said…
a minha viagem de regresso a lisboa...
por mais esquisito que pareça é um dos momentos mais angustiantes. passo o fim de semana rodeado de gente falando-lhes de Alguém que apresento como possibilidade de sentido de vida. e para mim é-o de facto. que seria de mim se o fosse. as viagens de comboio seriam mais penosas ainda. passada a euforia do contacto com tanta gente, eis-me no meio de mais gente ainda. desconhecidos que se tornaram conhecidos por partilharem a mesma viagem de comboio. no meio de todos esses rostos, o meu vai calado e pesaroso. terei conseguido chegar ao coração de alguém? se o fiz a vitória não é minha, é d'Aquele de quem falo. se não consegui a derrota, além dele, é também minha pq não consegui falar d'Ele como pretendia. angustia tornada oração para que na próxima viagem de comboio não traga os mesmos sentimentos. será uma questão fútil? provavelmente. mas nunca o saberei. resta-me a esperança de que tenha, de facto, chegado ao coração de alguém e de um dia ter conhecimento dessa alegria para ter mais entusiasmo ao enfrentar a viagem de comboio. a raíz de tudo isso? a solidão... a angústia do ser mergulhado no mar da indiferença. não quero uma palavra do meio da multidão. queria e anseio por uma palavra tua, meu amigo mais íntimo que me fazes sofrer pela tua ausência, pelo teu silêncio. e desejando uma palavra tua, lá vou eu, mais uma vez, nesta viagem de comboio. queria eu não embarcar nela para ir ter contigo, contar as minhas aventuras e desventuras que ouves pacientemente e com carinho. queria ouvir também as tuas. mas não posso. tenho de apanhar um comboio e tu tens a tua vida. eis o drama da solidão: os caminhos desencontrados da dependência de amor. custa o silêncio, custa o adormecer à noite a pensar se estás bem, se estarás a pensar se eu estou bem e se estarás a lutar perante a indecisão de falar comigo. por favor, fala... não me deixes adormecer sem ouvir a tua voz. não me deixes embarcar noutra viagem de comboio...
At 5:32 da tarde,
Anónimo said…
um erro... onde está "que seria de mim se o fosse" deve ler-se que seria de mim se não O fosse".
desculpem
At 5:40 da tarde,
Anónimo said…
Passa a noite e não te sinto
Morro por uma palavra tua
sedento de um carinho.
Dormir? Surge o pesadelo.
acordado? Sufoca-me a angústia.
Ah, saudade...
Morte lenta e dolorosa
de um coração que anseia por amor.
Outrora ou hoje ainda?
A dúvida... A morte...
Hábito do sofrimento,
dureza de coração.
Ama quem ama,
morre quem não é amado.
Silêncio cortante da saudade
assassina de um coração angustiado.
At 5:45 da tarde,
Anónimo said…
De onde estou, tão longe,
vejo-te à janela.
(Não te vejo, não:
vejo-te somente
na imaginação.)
Onde estou, tão longe,
chega a tua voz.
Oiço um longo brado
que é por mim que chama.
Oh que lindo som!
- e é imaginado...
Onde vou te levo,
minha doce Amiga.
Tenho-te onde estou.
A cabeça dói-me
porque o sonho a cansa?
- Onde a descansara,
se te não trouxera
mesmo na lembrança?
(Sebastião da Gama)
At 6:29 da tarde,
Anónimo said…
Às vezes, os amigos choram... Choram sozinhos no silêncio da distância e no vazio da angústia. Às vezes, os amigos não conseguem dizer a palavra certa no momento certo, nem estar presentes no momento oportuno. Mas estão lá...
longe e a sofrer por não dizer essa palavra e por não ter essa presença.
Às vezes, os amigos rezam porque não podem fazer mais ou não devem fazer mais. É um coração cravejado de duras lágrimas, presas no cepo frio do silêncio.
Sentir que o outro, de quem tanto gostamos e a quem tanto queremos não está bem, é um aperto no coração que asfixia cada gesto e cada palavra.
Às vezes, os amigos ficam divididos. Divididos entre a vontade de ajudar mesmo sem saber o que se passa, e o dever de respeitar o espaço e a vida do outro, as suas decisões, o seu silêncio, as suas angústias.
Às vezes, os amigos esperam. Esperam e nada mais podem fazer. E esperam desejosos de que, quando os problemas terminarem, possam alegrar-se com a pessoa por quem tanto esperaram e por quem tanto sofreram.
Mas, às vezes, os amigos também não sabem quando a tribulação termina, porque o silêncio continua.
Às vezes, os amigos são acusados. São acusados por nada dizerem à tanto tempo, pela sua ausência, pelo seu silêncio. Mas o silêncio do amigo tem origem no silêncio do seu amigo. Outras vezes não é pelo silêncio, mas pelo excesso de preocupação que o amigo é acusado. Tudo tenta arrancar do silêncio de quem nada diz. Corre o risco da violação do espaço próprio e da profanação do tempo pessoal. Mas é um risco que aceita correr pelo bem do seu amigo.
Às vezes, os amigos são apanhados na enxurrada de problemas, na acusação da tristeza, na revolta contra as dificuldades e injustiças. Sem ter culpa, o amigo tudo aceita julgando que, ouvindo e carregando com essa revolta do seu amigo está a ajudar. Mas no fim, não há o alívio mas fica essa mesma revolta, aumentada por ter apanhado nas suas malhas mais uma pessoa: o amigo.
Às vezes, os amigos pensam naquelas promessas de eternidade e de luta contra o esquecimento: "não te esquecerei"; "não estarei longe de ti"... E choram porque luta não houve, a etenidade tornou-se fugaz e o esquecimento inimigo, aliado às vicissitudes da vida, venceu a guerra.
Às vezes, os amigos insistem em continuar essa guerra sozinhos. O amigo luta com as armas que tem e não tem, desesperado para que a memória não se apague, o sentimento não se desvaneça e a relação de amizade não se extinga.
Às vezes, os amigos tomam consciência de que são veteranos de uma guerra finda, que apenas continua na sua cabeça e no seu coração. Uma guerra terminada e perdida. Destruída a pátria do coração do seu amigo, os amigos vagueiam errantes na escura solidão de uma vida de sabor perdido e de luz agastada.
Às vezes, os amigos ganham esperança. Surgem focos de luz de uma terra distante que é o coração do seu amigo. Aniversários e ocasiões importantes. Mas a luz vem e a luz vai... O amigo permanece no escuro, alimentado pelas lágrimas frias da solidão. Esses momentos fugazes ainda despertam, na memória e no coração, os momentos de uma amizade, os sentimentos e as aventuras. Parece que a amizade esteve sempre lá, sempre existiu...
Não, os amigos não se iludem. Tudo acabou! Permanece o diálogo educado do parecer bem e do ser agradável. Mas tudo aquilo que dava sabor à vida do amigo terminou. O amigo aprecia a lembrança do aniversário, mas não sente a alegria do olhar e a festa sentida do seu amigo.
Os amigos permanecem. Têm esperança. Não retiram nenhum daqueles sinais e objectos que à vista do olhar diário, lhes lembra a pessoa especial de quem é amigo. Cultiva a esperança do regresso com pequenas sementes de ilusões para enganar a certeza do fim já dado. Mas espera. Espera sempre. Não se cansa de esperar...
Às vezes, os amigos sonham. Sonham com o regresso simples e discreto do seu amigo. Não acusam, não pedem justificações, não fazem perguntas. Abrem os braços e o coração, esperando acolher neles o seu amigo por quem tanto sofreram, por quem tanto esperaram.
Será o regresso ou apenas mais uma visita fugaz? Seja o que for, aqui estão os meus braços. Aqui está o meu coração. Recolhe-te neles...
E, se assim tiver de ser, amanhã será de novo o adeus. Até ao próximo abraço...
At 6:31 da tarde,
Anónimo said…
aqui estão os paradoxos da amizade. vou parar por aqui...
beijinhos inexitah
At 2:07 da tarde,
Carla said…
............♥
...........***
..........*****
.........*Boa*
........*********
......************
.....**Semana**
....****************
...******************
..********************
..........****
..........****
..........****
....(`“•.¸ ¸.•“´)
.....♥ Nadir ♥ .
At 5:27 da manhã,
Anónimo said…
é! tá engraçada a analogia das bolas de sabão!
By the way - o padreco escreve bué!!!
At 3:31 da manhã,
Anónimo said…
"eu poderia suportar, embora não sem dor,que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos." (vinicios de morais)
At 3:34 da manhã,
Anónimo said…
por vezes, as viagens em silencio não significam por si só que se está sozinho.o amigo, aquele verdadeiro amigo, acompanho-nos sempre, SEMPRE, mesmo sem palavras, mesmo que seja à distância... porque nem sempre o longe da vista tem que significar longe do coração...
At 5:33 da tarde,
Anónimo said…
é o q me vale fumiga... bem sabes disso.
Enviar um comentário
<< Home